Com muito amor e alegria, nós, Vanessa Miranda e Rejane Maria Bohnert, assumimos a tarefa de promover no Brasil a causa para a Canonização de Chiquitunga. Entre em contato conosco para pedir maiores informações, enviar o seu testemunho ou manifestar o desejo de colaborar conosco para juntos trabalharmos na divulgação da vida desta mulher que tanto amou.
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Fragmentos dos Diários Íntimos:

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

2014 – um ano de bênçãos, aprendizado e eterna gratidão

Sara com seu esposo e Alissa, a filha do casal
Conheça o incrível  testemunho de uma jovem esposa e mãe, que fez da doença uma escada para subir mais alto!

Obrigada querida Sara Cauduro por partilhar conosco a sua experiência que muito ajudará a quem a leia.

OBRIGADA DEUS POR ESTA GRAÇA E OBRIGADA CHIQUITUNGA PELA TUA INTERCESSÃO!



Tudo começou em setembro de 2013, quando ao fazer o autoexame nas mamas durante o banho, senti que havia uma pequena saliência tipo uma “esponja” na mama esquerda. Fui acompanhando a evolução desta por alguns dias e comecei notar que esta “esponja” crescia a cada dia, e com ela veio a dor e o inchaço do seio. Procurei um especialista, e após várias idas e vindas a Caxias do Sul para realização de inúmeros exames e duas biópsias, recebi no dia 03 de fevereiro de 2014 do Dr. Maximiliano Kneubil (mastologista), o diagnóstico de que estava com câncer, ou seja, um carcinoma mamário invasor, e maligno. A partir desse diagnóstico fui por ele encaminhada a Drª Janaina Brollo (oncologista) para iniciar com as quimioterapias o quanto antes, pois o tumor crescia rapidamente e era muito agressivo, já estando com nove centímetros. Quando eu e o meu marido – que foi incansável e amoroso – saímos do consultório médico, ele com lágrimas nos olhos me disse:
- “o que eu vou fazer com a Alissinha (nossa filha de sete anos) se você morrer?
Me surpreendi com a pergunta e respondi:
- “ora o que vai fazer – se eu morrer, você vai criar ela, mas não se preocupe que eu não vou morrer de câncer. Não vai se livrar tão fácil assim de mim. Risos. Continuei afirmando que não seria esse câncer que me levaria ao outro lado.
Receber uma notícia dessas não é fácil; a princípio a gente fica sem chão e mil coisas vem a mente, mas após uns três dias as coisas se acalmam e a vida segue com muitas mudanças, desafios, uma rotina de exames e cuidados especiais, mas segue... Deus me amparou e me deu forças para enfrentar tudo com serenidade, sem me desesperar e então pedi e combinei com minha família (só agora souberam) que não queria ver ninguém chorando pelos cantos ou tristes, porque eu não iria morrer; expliquei que o câncer nos dias atuais tem cura em quase 100% dos casos quando descoberto precocemente e era o meu caso e que eu precisava deles bem e saudáveis para mim também ficar bem, pois minha recuperação dependia do estado de ânimo deles. E assim agiram pelo menos na minha frente.
Jamais pensei em me entregar ao desânimo ou a dor que era forte, pois no início precisei tomar morfina e procurava não me queixar de nada, até porque não resolveria, então sempre afirmava que estava bem; muito bem ou cada vez melhor. Pensava que se me entregasse à doença, como iria comemorar os quinze anos de minha filha Alissa. Conversei com Deus e disse a ele que eu queria continuar vivendo, pois meu pai sempre dizia que “a pior coisa que existe é um pai enterrar um filho” e eu não gostaria que eles passassem por isso, mas que fosse feita a sua vontade. Minha família sempre foi muito católica e agora mais que nunca. Creio que três itens são essenciais para a recuperação e a cura do câncer ou outra doença. Primeiro: devemos aceitar a doença; segundo: confiar e se entregar a Deus e terceira: o apoio da família. E assim, eu fiz. Aceitei a doença e jamais tive vergonha ou chorei por estar sem cabelo. Pelo contrário, adorava minha careca e saia bem faceira. Entreguei minha vida a Deus e confiei e tive o apoio e o amor de minha família (meu pai, minha mãe, meu marido, minha filha, minhas duas irmãs, meus dois sobrinhos, meus dois cunhados e minha cadelinha) que foram incansáveis e dedicados e continuam sendo até hoje.
Terminei as 15 sessões de quimioterapias neoadjuvante no dia 12 de agosto e no dia 10 de setembro de 2014 fiz a cirurgia de retirada do tumor no Hospital Tacchini em Bento Gonçalves/RS (mastectomia esquerda com linfanedectomia, mastectomia profilática direita e reconstrução com prótese bilateral), onde o tumor havia diminuído para 1,7cm e segundo o médico estava somente ali e “seco”, sem afetar outras partes do corpo. A cirurgia durou quatro horas e meia, mas ocorreu tudo bem, inclusive no pós operatório. Acredito que nada acontece por acaso, que tudo tem um porquê, que estamos aqui na Terra de passagem e que Deus não dá o fardo a uma pessoa se ela não puder carregar. E o peso desse fardo poderá ser maior ou menor dependendo da vontade e da escolha de cada um. Eu decidi que o meu seria leve e realmente foi, graças a Deus, pois nada adiantaria eu me revoltar contra Deus ou tentar entender o porquê, não aceitar a doença, viver isolada chorando pelos cantos, desistir de viver ou me entregar ao desânimo. Se assim agisse estaria alimentando as células do câncer e como não queria que elas se reproduzissem e me vencessem agi totalmente ao contrário. E para matar elas mais rapidamente ainda fiz uma dieta alimentar deixando de lado os alimentos que sustentavam as células (carne vermelha e alguns outros alimentos que até hoje procuro evitar). Tomava muito chá e sucos desintoxicantes e composto de babosa.
Com o câncer, aprendi a sorrir, a viver, a dar valor a tudo e a todos, a usar maquiagem,... pois não queria que ninguém me olhasse e sentisse pena de mim com aquela cara amarela/pálida. Queria que me vissem bem bonita e sorridente. Aprendi a passear,... Percebi também que de nada adianta acumular riquezas e só pensar em bens materiais se eu não tiver saúde para aproveitar e usufruir desses bens. Enfim, descobri como é bom viver, curtir a família, os amigos, parentes, admirar a natureza, e que a saúde é o nosso bem mais precioso. Que sem fé em Deus e sem saúde nada sou, pois Deus está no comando de tudo e é ele quem decide nosso caminho. Muitas pessoas conhecidas, desconhecidas, amigos... oraram pela minha saúde, pela minha cura e sou eternamente grata a todas elas, pois aqui estou bem sadia para testemunhar minha cura.
Num processo de doença como o câncer ou qualquer outra doença, 50% da cura creio que depende exclusivamente do emocional da pessoa, que apesar dos incômodos que a doença proporciona não deve jamais desistir de lutar para continuar vivendo. Somos filhos de Deus, ele nos ama e não quer nos ver sofrendo, mas para isso temos que lutar, nos ajudar e dizer a ele que queremos viver. Ter muita fé, perseverança, persistência e lutar, lutar muito até o fim de nossos dias. Quem desiste é fraco e quem luta é um vencedor, assim provando para si mesmo que és capaz.
Para muitas pessoas o câncer é sinônimo de dor, morte, sofrimento, choro, tristeza, desânimo,... Mas para mim não foi bem assim. Foi uma benção, um aprendizado que levarei pelos restos dos meus dias, pois me fez crescer espiritualmente, emocionalmente, como ser humano... Foi um aprendizado maravilhoso, onde só agora sei o que é ser feliz, o que é amar e ser amada e principalmente valorizar ainda mais as pessoas que estão ao meu lado me apoiando, pois só quem realmente ama permanece firme até o fim. Como tudo é passageiro, esse processo ou essa fase também passará e em breve você dirá: eu consegui, eu venci, estou curada(o).
Deus é maravilhoso e atendeu as minhas preces e a de todos aqueles que intercederam por mim. Muitas promessas foram feitas (algumas já paguei, outras estou pagando) a Nossa Senhora Aparecida e a “Chiquitunga” – Maria Felícia de Jesus Sacramentado (uma carmelita em processo de beatificação) que tem uma história linda de amor ao próximo e a Deus. Conheci “Chiquitunga” pelas mãos de minha amiga Márcia de Souza que mora em Santo Ângelo e ao me visitar me apresentou uns folders com a história e a oração de “Chiquitunga”. Passei a orar todas as noites a ela “Chiquitunga” e a Nossa Senhora Aparecida para que intercedessem a Deus pela minha Cura. Tomei conhecimento pela amiga Márcia que ela e as Irmãs Carmelitas Descalças do Carmelo Sagrado Coração de Jesus de Santo Ângelo/RS, também estavam fazendo a novena da “Chiquitunga”. E graças a todas vocês, as Santas e a Deus aqui estou em nome de Jesus para louvar e agradecer pelo dom da vida.
Tenho medo de me tornar chata, mas não me canso de agradecer a Deus todos os dias, todo instante, a todo momento pelo ano maravilhoso que foi 2014 e que deixará muita saudade. Agradeço até pela dor que por ventura venha sentir, pois feliz de quem é perfeito(a) e tem todos os órgãos do corpo, nem que seja para de vez em quando lembrar que ele está ali e que muitas vezes você não percebe, mas que faz muita falta àquele que não os possui mais.
Eterna gratidão a todos que por mim oraram, a Nossa Senhora Aparecida, a “Chiquitunga”, a vocês Irmãs do Carmelo – Irmã Milagros, a Madre Paula e as demais irmãs, a ti meu Deus por ter me colocado nas mãos abençoadas de dois excelentes profissionais (Max e Jana), e se hoje estou curada foi porque Deus ouviu e atendeu os nossos pedidos. Aproveite o hoje, viva o agora, porque o passado passou e o amanhã talvez não chegue; não espere pelo amanhã para ser feliz. A vida é um dom divino, viva intensamente, como se não houvesse amanhã. Gratidão, gratidão, gratidão, muita luz e beijo no coração...